quarta-feira, julho 28, 2010

Sem sol

Uma viela úmida, sem saída, com lixo, cheirando mal. Lá nunca bate sol. Ela está entre dois prédios altos, perto de uma avenida barulhenta onde passam carros velhos soltando fumaça. Tudo é muito úmido, água de esgoto, cinza. Muito barulho de carros apressados. É lá que estou. Sentada no chão, com uma calça desconfortável, sem dormir por causa do barulho, sem escovar os dentes, sem tomar banho há dias, com um frio que não é grande, mas que arrepia. Com sono. Sem posição para ficar sentada, cansada, com os pés molhados. Não sinto dor, não sinto fome, não sinto sede, nem nojo. Só estou lá, procurando uma posição melhor para ficar encostada na parede. Muita gente passa, muita gente fala comigo sobre obrigações, mas ninguém me tira de lá. Estou sozinha. Não há tristeza, apenas um conformismo de quem tem que achar normal.

terça-feira, janeiro 26, 2010

Sobre o não fazer

35 dias de chuva em São Paulo. O mês mais chuvoso dos últimos 15 anos. Tem gente nesse momento que não tem nem onde dormir, que perderam tudo.
Manchetes e mais manchetes sobre catástrofes... mas meu mundo continua tão igual! Será que isso é normal? Claro que sinto muito e choro por ver aquelas pessoas no Haiti que não tem nem mais o pudor, pois a fome e a necessidade são maiores, mas e no meu mundo? Será normal não fazer nada? Mas se fizer, fazer o que?
O apego as raizes, a compromissos e a vaidade não me fez nem ao menos olhar para o meu guarda roupas e pensar "será que eu poderia doar essa peça?". Me envergonho agora de pensar que comer uma banana no café da tarde é sem graça, por estar de dieta. Muita gente agora não tem nem 100ml de água, quem dirá comida pra matar a fome.
Talvez seja normal. Eu, tão acostumada a cinema e ficção talvez confunda o que é vida dura e real, e ache que é só fechar a janela e voltar para meu lar que graças a Deus é seguro e seco.
Sinto muito...

quinta-feira, dezembro 31, 2009

Enfim, passou!

Seria muita cara de pau a minha dizer "esse é mais um último post do ano" se ao longo dele eu só escrevi um!
2009 passou.
Que ano!
Apesar dele ter sido o mais tumultuado de toda a minha vida, ele passou sem nem ao menos eu notar, mas não me esquecerei dele jamais.
Meu filho nasceu em 2009. Caramba! MEU FILHO! Vocês tem noção que eu tenho um filho? Pois é, as vezes nem eu tenho. É muito foda ve-lo dormindo aqui do meu lado, já com seus 7 meses e saber que ele é meu.
Esse ano eu senti dor, senti tristeza, senti desespero e senti muita saudade. Saudade de quem cruzou o atlântico (mas que já está voltando), de quem foi morar com os índios e passar calor e especialmente saudade de mim mesma. Senti e ainda sinto saudade da pessoa que eu era antes do pequeno nascer, maaaas eu descobri que sentir saudades não é necessariamente querer de volta. Sentir saudades de um amor perdido nem sempre é querer te-lo de volta... Eu não me quero de volta da maneira que eu era.
Fico pensando na palavra pra me definir hoje e não encontro. Sou feliz? Não, pois amanhãa serei muito mais. Sou completa? Xiii!!! Falta muito para isso acontecer, talvez não aconteceça nunca. Posso dizer que a cada dia eu aprendo mais, busco mais, quero mais e com um motivo maior, que é a tranquilidade e a felicidade PLENA do meu filho.
Me despeço de 2009 assim, agradecendo a Deus pelo meu filho.

quarta-feira, novembro 18, 2009

Eu me transformo em outras

São meses sem escrever. Como sempre, estava tudo tão fora do lugar que eu não conseguiria escrever nada, mas ontem eu passei um tempo considerável lendo o blog e me bateu uma saudade de quando eu realmente pensava em um mundo muito longe desse meu. Um mundo que às vezes eu vivia, vezes eu apenas observava e conseguia traduzir o que via nessas linhas.

Como mudei!

Como tudo mudou!

Hoje quero somente observar, mas algo em mim não deixa!!! Hoje a injustiça ficou muito mais injusta. A mentira ficou muito mais dolorida e as pessoas muito mais humanas passíveis de erros imperdoáveis. Aquela controvérsia que sempre existiu ainda está aqui, pois por mais que eu saiba que são humanos como eu e assim sendo, podendo errar como eu erro, meu perdão está muito mais caro. A reticência que eu sempre usava, prolongando assuntos e histórias está sumindo. Agora é ponto final mesmo! Não esqueço mais com tanta facilidade o que me atingiu e alguns dos meus sorrisos são falsos.

Fui vencida pelo resto do mundo, fazendo de conta que nada me afeta e jogando o jogo do contente para preservar... preservar o que mesmo? Me sinto mentirosa como os que eu abomino, tendo a minha frente um pano branco que esconde o que eu sinto e penso para apenas não criar atrito. Isso é maturidade? Então ainda prefiro ser infantil e honesta. Uma pena ter que esconder isso para ser pacífica e “aceita”.

quarta-feira, dezembro 31, 2008

Está tudo escuro onde eu estou agora e não sei como ter luz novamente. Cada dia que amanhece parece para mim o buraco do precipício, pois não há mais vida, não há mais nada, só o buraco. Não tenho planos para o resto da minha vida, nem mesmo para a próxima hora, não quero nem que o próximo minuto exista. Queria que a minha próxima lágrima se tornasse um lago de mim e me fizesse só água para assim poder fugir entre os cantos e sumir de tudo e principalmente de mim. Enxergo tudo de uma esfera a parte onde não há mais um fio de alegria, nem mesmo as idiotas. QUERO PARAR! QUERO VOLTAR PARA O MUNDO DOS NORMAIS! QUERO MINHA VIDA DE VOLTA AGORA MESMO!

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Éramos 4!

Como sinto saudade de vocês! Das nossas 4 cadeiras e uma mesa para o vinho, cervejas e cinzeiros. Hoje, quando somos 4 e meio, em nossa mesa há suco super natural de abacaxi, pizza feita em casa com sabor de mãe e cigarros bem longe.
Como mudamos. Nossas lamentações de corações partidos deram lugar a contenções financeiras, preocupação com o emprego, um certo trabalho de conclusão de curso que está enlouquecendo e fraldas.
Penso, como estaria nossa vida se nada mudasse? Teríamos que mudar? Creio que já era o nosso curso natural, pessoas como nós não pode ficar estagnada, isso nos causa tédio. Usando o clichê “não há bem que seja eterno nem mal que dure para sempre”, devo contestar: o mal sempre deixa marca que vamos lembrar e o bem, o nosso bem que é a nossa amizade duradoura e fiel também será para sempre e nunca perdendo nada, somente mudando.
Sinto saudades sim, mas é só. Se deixou saudade é porque foi muito especial, pois agora somos um quarteto e mais um pouquinho e ainda temos nosso pronto socorro particular.

sexta-feira, novembro 21, 2008

O que aconteceu com o jardim?

Hoje quando cheguei em casa, vi a sombra de um ramo de planta na parede da garagem, sombra de flores há muito tempo foram plantadas em minha jardineira.
Prometi cuidar desse jardim. Prometi limpar, regar em dias quentes, tirar as formigas... Eu nunca cuidei. Ele foi esquecido lá no alto, lugar onde raramente vou.
Não posso mais esquecer de cuidar do jardim, pois não posso mais esquecer de cuidar de nada. Eu já deixei de cuidar por muito tempo de muita coisa... Hoje não posso mais.
Tenho que aprender a cuidar de tudo!