quinta-feira, abril 24, 2008

Overdose

Aquela exaustão depois de uma longa corrida. A falta de ar. A sensação de não ter visto nada no caminho, de um tempo que passou e não se viu.
Quando se pára, tudo isso causa um olhar sem ver, um gosto sem definição na boca. Um gosto parecido com o sangue que não escorreu da ferida invisível.
Tive uma espécie de overdose de não ter.
Perdi o meu chão e minha sanidade em um curto intervalo de tempo. Senti a sensação de uma coisa parecida com “quase morte” de sentidos e de amor próprio. Me resumi a um amontoado de nada por perder o que achei que fosse meu, mas que eu já havia perdido há muito tempo.
Enlouqueci e por um motivo que não entendo tentei enlouquecer quem eu julgava ser a responsável por eu estar passando por tudo aquilo e fazendo-a enlouquecer poderia ter o que perdi de volta. Tolo engano. Eu estava solta na buraqueira perdida e estendendo a mão para a pessoa errada me salvar. Um murro direto na minha cara vindo dessa mesma mão ao invés de me derrubar fez com que tudo parasse de girar. Todas as cores embaralhadas viraram coisas reais e eu me tornei real novamente. Vi que a mão estendida que eu lutava para pegar na verdade estava dando passos para trás cada vez que eu me aproximava e foi aí que pude ouvir as vozes que me diziam para sentir as forças das pernas e saltar para fora, pois seria o máximo que alguém naquele momento poderia fazer para me ajudar. Gritar para me ajudar, pois a mão estava cada vez mais longe apenas por querer me manter dentro do buraco por puro prazer.
Ainda estou no buraco, parada e pensando. Reunindo forças para pular num salto só para fora.
Não terei de volta o que perdi, pois definitivamente não é mais meu e prefiro pensar que nunca foi.
A mão não sei se ainda está estendida. Não vejo, pois estou olhando em outra direção... Não quero mais olhar aquela mão de novo.
Já vejo a luz um pouco mais forte vindo de fora da loucura.

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